Debate online “Teletrabalho, Trabalho e Economia Política”
22 de junho (2ª feira), 18h30-20h
Oradores: Helena Lopes (ISCTE-IUL), Manuel Carvalho da Silva (CoLabor) e Ana Silva (CoLabor). Moderação de José Reis (FEUC e EcPol).
Vai haver uma forte pressão para o aumento do teletrabalho. Pressão por parte das entidadesempregadoras porque o teletrabalho permite aumentar a produtividade (aumento estimado em 15%), diminuir os custos fixos, e ver as decisões menos questionadas. Pressão também por parte dos trabalhadores, que avaliam positivamente a experiência de teletrabalho (dentro de certos limites). Pressão finalmente por parte dos cidadãos porque o teletrabalho é ecológico – reduz a necessidade de mobilidade. Mas os efeitos perversos do teletrabalho são extremamente preocupantes. O teletrabalho está associado à intensificação do trabalho (mais horas, mais esforço); ao empobrecimento do debate e da discussão e, portanto, à redução da capacidade de inovação; ao desaparecimento dos coletivos de trabalho e, portanto, ao declínio da ação coletiva; à polarização da sociedade entre intelectuais privilegiados que podem ficar em casa e trabalhadores executivos que tem de ir trabalhar. A polarização social destrói as comunidades políticas, a coesão social e alimenta os extremismos . O teletrabalhador é um ser isolado, trabalhador solitário sem interações sociais físicas e, portanto, sem empatia. É um ser parecido com o homo economicus contra o qual se construiu e constrói a Economia Política. Vamos aceitar a transformação social que se está a preparar? O “catastrofismo esclarecido” – anunciar a catástrofe para evitar que ela ocorra e provoque danos irreversíveis – não deverá também ser usado para as questões sociais?
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